Ele foi um dos papas mais populares da história,
ajudando a revitalizar a Igreja Católica e reunindo milhares de fiéis
onde quer que fosse. Mas João Paulo II, que vai ser beatificado no
próximo domingo, 1° de maio, também é alvo de muitas críticas.
Karol
Wojtyla, na época arcebispo da Cracóvia, tinha 58 anos quando se tornou
o papa João Paulo II em 1978. O polonês, apaixonado pelo teatro e
ex-metalúrgico, injetou grande energia e entusiasmo ao posto de líder da
Igreja Católica.
Apesar de chefe de Estado,
João Paulo era um papa que amava estar cercado do povo. Durante os 26
anos de pontificado, um dos mais longos da história, ele visitou nada
menos do que 127 países – sempre atraindo multidões. No próximo domingo,
pelo menos 300 mil pessoas devem assistir à sua beatificação, o
primeiro passo para se tornar santo.
O primeiro
papa eslavo da Igreja, João Paulo II teve um papel fundamental na queda
do comunismo no fim do século XX. Apesar de carismático e midiático, ele
era intransigente sobre a doutrina católica em vários temas sociais.
De
acordo com Bruno Bartoloni, jornalista especializado em vaticano, o
papa teve a coragem de se encontrar com ditadores, mas, para João Paulo,
o que contava era a Igreja como instituição, o que significa tomar
decisões muito difíceis, mesmo relacionada aos jovens que, segundo o
vaticanista, tinham paixão pelo papa polaco, mesmo que ele jamais tenha
feito concessões à modernidade no campo da sexualidade por exemplo.
João
Paulo tem sido criticado por se manter cego aos escândalos de abuso
infantil, cometidos pelo clero católico. Um duro legado para o sucessor,
Bento XVI, que teve de lidar com todo o problema. Os dois papas diferem
no estilo, mas possuem o mesmo conservadorismo doutrinal.
“João
Paulo II era capaz de olhar direto nos olhos do povo. Bento XVI é uma
pessoa tímida que teve de se adaptar ao papel de papa. Inicialmente,
quando a fé se aproximou dele, o atual papa fez questão de afastá-la, já
que tinha medo de ser tocado”, explana o vaticanista.
Bento
XVI tem mostrado a vontade de se alinhar às mudanças dos tempos em
vários pontos. Ele relaxou a postura do Vaticano sobre a contracepção e
deu a entender que o uso de camisinha é aceitável em alguns casos.
É
o atual papa que vai presidir a cerimônia de beatificação de João Paulo
II no domingo. Essa é a primeira vez que um pontífice é declarado beato
pelo sucessor. O tempo também é recorde – somente seis anos após a
morte. Mesmo longe do mundo terreno, João Paulo segue causando impacto.